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Desabafos de autocarro

por ✓MS, em 04.06.19

Este fim de semana fui sair e, como habitual, apanhei transportes públicos. Como também acaba por ser algo normal e muitas vezes frequente, as senhoras já com alguma idade acabam por meter conversa seja lá porque motivo for. Desta vez a senhora que me falou dizia-me que com este calor lhe sabia bem era ir para a praia, que adora praia mas que já não vai mais. Normalmente não costumo dar muita conversa, mas esta senhora tinha um olhar triste quando falava. Um sorriso meio forçado e um olhar bem triste. Acabei por lhe dizer para ir, já que lhe sabia bem. Ao que ela me responde  que deixou de ir para a praia porque tem vergonha dela mesma. Vergonha do corpo que tem por ser (palavras da senhora) gorda e ter as pernas roxas das varizes. Aí acabei por a encorajar mais a seguir o que realmente a faz sentir bem. Se gosta de praia, se ir para a praia a faz sentir bem porque não? Dizia-me ela que era o receio de olharem para ela. Por fim acabou por dizer que o marido lhe teria dito que tinha umas pernas horríveis. 

Quando ouvi tal coisa fiquei perplexa! Como assim o marido lhe disse isso?! Como assim ela deixa de ir fazer algo que a faz sentir bem com receio de algo por ter ouvido tal coisa do MARIDO?? Em seguida brincou a senhora "também lhe digo menina, nunca mais me viu as pernas, não gosta nem lhe mostro nada!". Confesso que no meio de tudo isso ainda foi o que me fez esquecer um pouco a parte anterior e rir um pouquinho! 

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Posts mais visitados em 2017

por ✓MS, em 19.12.17

Penso que seja a primeira vez desde que tenho o blog que estou a fazer um post sobre este tema. Mas visto que agora o e-mail que recebemos da nossa equipa do Sapo nos facilita o trabalho, cá vão os 3 posts mais visitados durante este ano de 2017 no blog:

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Quem fui eu afinal?

por ✓MS, em 08.04.16

Eu fui uma miúda constantemente insegura, com imensas hesitações, sem vontade própria, tímida, extremamente medrosa e que dava muito valor a todas as opiniões que ouvia das outras pessoas, familiares, amigos e amigos da onça. Fui uma miúda cheia de sonhos, que ouvia comentários negativos e cruéis e apenas sorria. Fui uma miúda que era incapaz de pedir ajuda fosse para o que fosse, uma miúda que gostava de agradar a todos e se esquecia dela mesma. Fui uma miúda que durante 7 anos viveu os piores momentos da vida e preferiu guardar tudo para si. Fui uma miúda que sofria em silêncio e achava que tudo isso era normal, que se deixou manipular por opiniões que a faziam odiar-se a si mesma. Fui aquela miúda que para os adultos tinha um comportamento exemplar, sabia escutar e estar, para os outros miúdos era quase um monstro, tal eram os adjectivos que lhe davam.

Fui uma miúda que a partir dos 11/12 anos durante alguns anos, com alguns períodos de "descanso" (felizmente), se deixou dominar pelos colegas e conhecidos. Fui uma miúda que, infelizmente, se habituou de tal forma a ser vítima de bullying que achou que tudo isso seria normal e que provavelmente seria culpada pelo que passava. Bullying era um termo não muito usado, nem conhecido na altura. Fui uma miúda que se culpou de tudo o que, de negativo, se passava na sua vida. A certa altura tornou-se revoltada e com alguns comportamentos mais agressivos devido ao cansaço que já se acusava, mais psicológico do que físico.

Em suma, fui uma miúda que se deixou ser a vítima habituando-se de tal forma que não conseguia encontrar forma de fugir da situação.

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A força que podemos ter

por ✓MS, em 28.08.15

Muita coisa que já aqui partilhei aconteceu no passado. Num passado que terminou não muito longe do presente. Mas não tão recente quanto isso. O último ano e meio (quase quase ano e meio, falta só mesmo um bocadinho) fez-me crescer tanto emocionalmente e todos os outros níveis, mas principalmente emocionalmente. Algumas pessoas que foram apanhando algumas dicas minhas queriam o link deste meu cantinho. Custou-me tanto dizer "não", com a promessa que em breve poderei partilhar aqui o espaço com pessoas que me entendem aqui deste lado. O que fui partilhando aqui no último, quase, ano e meio representa talvez 30% dos meus poucos anos.

Aos poucos vou levantando a cortina de algumas coisas do meu passado, do meu presente também mas um tanto escondido. E hoje talvez tenha chegado o momento de revelar um pouquinho mais, ou talvez não. Ao longo dos anos fui percebendo que tinha alguma força para me "aguentar" que não sabia ter. Nunca imaginei ter a força de aguentar a maldade das pessoas mas principalmente de meter na cabeça que estava na altura de fazer ver que também sou capaz de me levantar e seguir em frente. Quando as coisas aconteceram eu só pensava "quando isto vai acabar?", quando colocava os pés na rua o meu pensamento era "mais um dia para aguentares e não te passes, muito menos chores". Acho que chorar foi das primeiras coisas que aprendi a controlar. Porque, mesmo que as pessoas vissem que eu estava fraca não me iriam ver chorar. Hoje não choro em público, nunca! E caso isso aconteça não é por estar fraca, mas porque o meu limite está a esgotar e para não ser agressiva preferi deixar-me chorar.

Estive perto do abismo, literalmente. Estive perto de saltar e esquecer que "a vida pode ser bonita se a soubermos viver". Acho que nunca acreditei muito que algum dia pudesse desejar tanto a minha vida que ela se tornasse a minha prioridade para combater tudo e todos. O sofrimento foi tal que a ideia de acabar com tudo pareceu-me apetitosa na altura. Poucas pessoas souberam do sucedido e só o souberam recentemente, quando me senti preparada para falar do assunto e responder a perguntas difíceis. 

Foi a partir desse dia que percebi que tinha mais força do que pensava ter. A força necessária para levar a minha vida para a frente e ama-la a ela antes de amar outra pessoa qualquer.

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Deixei fugir

por ✓MS, em 26.08.15

Das perguntas mais difíceis que me fizeram recentemente foi se eu percebi o que perdi durante todos os anos que lutei contra tudo e todos. Foi uma pergunta difícil não por não saber a resposta, mas porque seria uma resposta que podia baralhar a cabeça de quem não a entendesse e fazer filmes nas suas preciosas cabeças. Os anos perdidos, que no fundo só serviram para me fortalecer interiormente, levaram com eles o meu bem mais precioso. A minha vida. Não estive perto da morte, apenas vivi a vida que não era a minha. Vivi a vida que a maioria dizia que eu tinha. Cheguei ao ponto de deixar que fizessem o que quisessem com ela. Até certo ponto não tive a noção de que tinha força para combater tal feito e deixei andar. Deixei andar até perceber que não tem de ser como as pessoas querem, tem de ser como EU quero. A vida é minha, vivo como quero e não como querem que eu viva.

Mudei tarde de mais. Tornei-me mais forte tarde de mais. Tudo o que podia acontecer de mau aconteceu ao mesmo tempo e o sentimento de culpa era maior do que qualquer outro, do que qualquer força que poderia ter (mesmo que escondida). Mudei tarde mas mudei. Mudei por mim, porque ao recuperar um bocadinho do que era a minha vida lembrei-me das coisas boas da vida que deixei escapar para que outros tivessem proveito próprio. O melhor de recuperar a minha vida, voltar ao normal, é sentir-me livre para fazer o que quero sem ter o medo que alguém vá dizer que está errado ou que não deveria fazer tudo isso.

Sei que, um dia, fui fraca para fazer frente a pessoas que me dominaram. Sei que perdi muito mais que a minha vida. Perdi a auto-confiança, a auto-estima e tudo o que alguém deveria ter nos seus níveis mais altos. Mas sem tudo isso, o que seria a vida? Sei que hoje sou capaz de jogar com as pessoas que se atravessarem no meu caminho. Se é a forma mais correcta? É a minha forma de jogar.

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