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Quando me comparo com o que fui no meu passado revejo alguns pontos que se mantiveram até hoje (mesmo que pouco alterados) e também alguns pontos que deixaram de existir por completo. Se no passado eu engolia tudo o que ouvia, agora não sou capaz de ouvir e calar sempre que me sinto menos mal com o que vou ouvindo. Hoje consigo engolir o que vou ouvindo, mas com filtros que não existiam antes. Filtros que me fizeram ganhar limites, filtros que me fizeram não aceitar tudo o que me rodeia e nem "ouvir e calar". Nunca, no oassado, imaginei que um dia fosse conseguir chegar a esse ponto.
Deixava-me atingir por tudo o que me diziam. Deixava que me fizessem tudo o que queriam fazer, mesmo sabendo que me estava a destruir a mim mesma. Nunca fui contra isso que foi acontecendo. E a culpa era apenas minha por permitir tal coisa.
Hoje sou capaz de permitir no caso de sentir que nada altera a pessoa que sou. Que nada altera tudo o que acredito ser e tudo o que conquistei.
Para mim era importante sair da rotina. Sentir que todos os dias não eram iguais. Sempre que pensava no meu futuro idealizava que, pelo menos a nível profissional, não tivesse uma rotina- Não sentir que estaria sempre a fazer o mesmo, que não estaria sempre a ver as mesmas pessoas, a ouvir as mesmas histórias. Isso para mim, é quase tão importante como ter de dormir todas as noites. Penso que é algo que não me deixa tão cansada, que não me deixa stressar tanto com determinadas coisas como mantendo uma rotina igual todos os dias. Talvez porque o ser humano está sempre em busca de algo melhor e diferente do que já possui. Não significa que, todos assim sejam. Pessoalmente, não consigo aguentar muito tempo com uma rotina no trabalho. Conseguir arranjar uma vida fora do trabalho, não respirando apenas trabalho, para mim torna-se mais simples de o conseguir. O ideal é conseguir conciliar o melhor dos dois mundos, algo que não se torna tão possível neste aspecto.
No final de contas, o que é de mais torna-se cansativo. E isso é algo que uma rotina a 100% me pode dar. É tão de mais que eu consigo ter noção do que estarei a fazer a cada hora. Prefiro estar aberta a possibilidades dentro daquele horário. Sem uma rotina a 100% definida, de forma a ter uma vida pessoal mais tranquila.
Há uns, poucos mas longos, anos atrás estava a passar por uma das fases mais difíceis e ao mesmo tempo uma das fases que mais me fez lutar. Lutar por mim, principalmente por mim. Volta e meia passamos por uma fase em que andamos desmotivados com algo, independentemente do que seja. Essa fase já tinha passado fazia muito tempo. Já não era apenas o estar desmotivada, era muito mais que isso. Era o não me sentir útil em lugar algum, era o não conseguir conversar com alguém. Durou demasiado tempo, pareceram anos na minha cabeça. Eu estava desgastada, mais do que algum dia tinha estado ou voltei a estar.
Quis ir para longe, sem rumo, sem nada. Nada me prendia onde estivesse. Nada me fazia querer ficar ou voltar. Não sabia como gerir a situação, sozinha, e a melhor forma parecia-me ser ir embora para longe de tudo o que conhecia.
Não sei onde fui buscar força para batalhar, mas consegui-me aguentar mesmo quando tudo se desmoronava ao meu redor. Foi das experiências que guardei sempre comigo para que, um dia mais tarde, saber que estive pior e consegui dar a volta mesmo que sozinha.
De que vale amar o que fazemos se não o fizermos com gosto? E como podemos fazer as coisas com gosto se não amamos o que fazemos? Algures nos caminhos da vida vamos passar por ambas as situações e, de facto, torna-se caótico se não soubermos dar a volta a esta situação. Cada um irá acabar por dar a volta da sua maneira. Mas, onde se encontra o problema para corrigir? Não nos vale de nada fazer algo de que não gostamos só porque sim. Vai ser observado por quem está de fora que não o fizemos com gosto. Que não estávamos ali de corpo e alma no que nos comprometemos a fazer.
Não nos vale de nada gostar imenso de realizar algo se não o fizermos com o máximo de disposição. O resultado será o mesmo de não gostarmos do que fazemos. Será nulo.
O correcto será fazermos o que gostamos o que amamos, mas com toda a nossa disposição. Dar tudo de nós pelo que gostamos e amamos. O resto vem por acréscimo.
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