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Chega a uma altura que tudo parece estar a dar errado. Sem saber bem porquê, mas tudo muda. Parece que estamos sozinhos no mundo mesmo não estando, é como se fossemos apenas nós a ter de superar tudo sozinhos. Por vezes sinto que sou um tanto incompreendida, é certo. Porque não percebem o que realmente quis transmitir com algo que disse. Talvez o erro seja meu por não expressar a 100% o que quero transmitir. No entanto não deixo de sentir-me incompreendida. É aí que chega aquele momento que sinto aquela necessidade de me isolar, de estar mesmo só para (talvez) me reencontrar. Parece que por momentos me perco, no mundo nas palavras, nas pessoas. Nem sempre fácil de explicar o quanto preciso da pessoa a, b ou c presente naquele preciso momento na minha vida. Muitas vezes basta aqueles minutos de atenção, para que consiga falar tudo e sentir um tanto de alivio. Sentir que afinal não é tudo tão mau como parece ser.
Maioritariamente damos valor a pessoas após as perdermos da nossa vida (muitas vezes definitivamente). Talvez seja das formas mais cruéis de aprendermos a valorizar alguém, mas o que é certo é que se torna uma forma eficiente de aprendermos a lição. Provavelmente nunca pensei que isso alguma vez fosse acontecer realmente comigo... Típico pensamento de quem nunca perdeu alguém extremamente importante não? Há uns anos perdi, definitivamente, alguém extremamente importante na minha vida. Alguém que era uma espécie de segunda mãe para mim, alguém que me tratava como filha. Há uns anos perdi, definitivamente, alguém que numa hipótese remota nunca pensei perder. Não me recordo de algum dia pensar "eu vou perder-te", pelo menos tão cedo. Não naquela altura, não quando tinha tudo na minha vida virado ao contrário. Não quando eu mais precisava de sentir aquela presença maternal ali bem perto de mim.
Mesmo tendo sido alertada para a proximidade da sua morte, só caí realmente em mim quando entrei em choque com a noticia da sua morte. Provavelmente isso fez-me pensar na força que eu teria de ter para seguir a minha vida sem aquela presença tão importante para mim. Desde então que não existe um único dia que não pense realmente nela, no quanto ainda é importante para mim, em muitas palavras que me disse.
Dizem que as melhores coisas aparecem de repente. Foi, talvez, depois de perceber que muitas pessoas permaneceriam no meu coração mas não na minha vida que decidi estar fora de climas românticos e que me envolvesse em algo do tipo. Durante vários anos estar sozinha pareceu-me óptimo! Não nego que tive momentos em que pedi por favor para coisas boas acontecerem, no campo amoroso, mas vinham e iam de forma que eu não prestasse mais atenção ao que poderia sentir. Foram diversas as vezes que me perguntaram o porquê de eu não querer estar com ninguém, de não ir em busca de quem me fizesse feliz, se isso não me fazia infeliz ou triste. E não, não estava triste, apenas me sentia cansada de procurar coisas certas que teimavam em não aparecer. Talvez isso me fizesse acreditar ainda mais na minha antiga teoria de "sozinha eu estou bem, feliz" e na realidade estava. Não completa a 100% mas estava feliz.
Houve alguém que, com a sua simplicidade, me fez sorrir com meras palavras. Me fez sorrir num dia que, por qualquer motivo, era um dia triste. Cansaço do trabalho, cansaço de mim mesma, cansaço da vida no geral. E não nego que esses dias ainda vão existindo uma ou outra vez. Nesse dia não consegui evitar uma conversa mais divertida, mesmo exausta, que me fez ir dormir com a sensação de que alguém perdeu tempo da sua vida para me fazer sorrir. Isso pesou imenso, pelo lado positivo, para mim. Estava longe de imaginar quem seria essa pessoa num futuro próximo. Algum tempo passou e percebi que a cada dia essa pessoa se esforçava para me fazer sorrir, não percebia porquê mas deixei estar tal como estava. Sempre fui uma pessoa extremamente apegada ao passado, mas nessa altura preferi deixar-me surpreender pelo presente e... qui çá futuro?
No fundo eu sempre soube o que queria desde o primeiro momento que sorri, mas a teimosia de não admitir sentimentos era mais forte. Esconder, brincar e evitar era mais fácil mesmo que isso significasse que me ia magoando aos bocadinhos por não o admitir. Sabia o que queria e principalmente do que precisava, a dúvida provavelmente seria se a pessoa estaria disposta a dar-me tal e qual o que eu precisava. Penso que a certa altura a frase "dedica mais tempo ao que realmente te faz feliz" começou a fazer imenso sentido para mim. A melhor coisa que me podem oferecer é atenção, dedicação, amor. Foi isso que me fez olhar com outros olhos para o que estaria prestes a acontecer e realmente... aconteceu! Quando precisei de carinho, de um abraço, de companhia, a pessoa estava lá. Sem questionar tudo, sem pedir nada em troca. Simplesmente estava.
Acima de tudo, preservo relações que começam com uma base de amizade e isso sem dúvida que foi notório. Rever-me na pessoa em questão fez-me aproximar ainda mais do que esperava. Não sei definir ao certo mas, será que um "amo-te" seria suficiente para o demonstrar?
Há certos momentos que penso estar a cometer um erro em assumir certas formas de estar. Nem sempre falo muito, muitas vezes prefiro manter-me calada e afastada do que se vai falando. Já é de mim mesma prestar atenção a tudo o que se passa ao meu redor, mesmo que sem querer estou quase sempre atenta aos passos que quem está por perto dá. Não o faço de propósito, é certo, mas chega a um ponto que já se torna um pouco cansativo para mim ter esse meu lado. Mesmo estando distraída parece que parte de mim se mantém alerta do que se passa em todo o espaço envolvente. Por vezes preferia estar surda e cega para não me aperceber de certas crueldades que vão acontecendo, principalmente se nos lados "opostos" estão pessoas que adoro. Não nego que dá aquela vontade de falar certas coisas que me vou apercebendo, ouvindo ou vendo. Mas prevalece sempre o pensamento de adorar ambas as partes e o caminho mais correcto é deixar estar, sem tomar partidos nem mandar lenha para a fogueira.
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